Dados do Trabalho


Título

QUANDO TRATAR A HIDRONEFROSE PARA PERMITIR O USO DE QUIMIOTERAPIA NEOADJUVANTE COM CISPLATINA NO CANCER DE BEXIGA?

Resumo

Introdução: Câncer de bexiga músculo-invasivo é uma doença agressiva, idealmente tratada com cistectomia radical após quimioterapia neoadjuvante. Hidronefrose é um marcador significativo de doença avançada e pode resultar em comprometimento da função renal levando o paciente a não poder se beneficiar de quimioterapia neoadjuvante com cisplatina.

Objetivos: Avaliar o papel de derivação urinária em pacientes com câncer de bexiga músculo-invasivo na reversão do comprometimento da função renal e permitir níveis de elegibilidade de cisplatina.

Métodos: Foi realizado uma avaliação retrospectiva de uma base de dados de pacientes tratados por câncer de bexiga urotelial músculo-invasivo em nossa instituição de 2018 a 2021. Todos os casos foram revisados e aqueles com hidronefrose submetidos a derivação urinária foram incluídos para análise posterior. Derivação urinária foi realizada através de nefrostomia percutânea, cateter ureteral ou através de desobstrução cirúrgica. Taxa de filtração glomerular foi determinada de acordo com o clearance estimado de creatinina através da fórmula de Cockcroft & Gault.

Resultados: Um total de 72 pacientes foram avaliados. A taxa de filtração glomerular (TFG) média pré derivação urinária foi de 44.1±26.4mL/min e pós, de 59.1±31.9mL/min. Após derivação urinária, foi observada uma recuperação média de TFG de 15.0±20.0 ml/min. 44 pacientes tinham uma TFG inicial de menos de 50 mL/min, e 75% melhorou para acima de 50 mL/min. Mais de metade destes pacientes (56%, n=25) teve sua TFG aumentada para acima de 60 mL/min. Houve um grande intervalo de tempo para atingir a melhora TFG (59±33 dias, intervalo 9-165 dias). Regressão logística indicou efeito da TFG inicial na recuperação de TFG (OR=1.11; 95%IC:1.02–1.21; p=0.012), demonstrando ser este ser o único fator independente de recuperação de função renal em pacientes com câncer de bexiga e hidronefrose.

Conclusões: Alguns pacientes com obstrução do trato urinário superior secundária a câncer de bexiga músculo-invasivo podem se beneficiar de derivação urinária pré-operatória. Pacientes com TFG afetada levemente e após derivação urinária bilateral são mais propensos a se tornar elegíveis a cisplatina. Tempo até recuperação da TFG pode variar bastante.

Palavras Chave ( separado por ; )

Câncer da Bexiga; nefrostomia; cateteres urinários; derivação urinária; insuficiência renal; quimioterapia neoadjuvante

Área

Uro-oncologia

Instituições

Disciplina de Urologia do Centro Universitário FMABC - São Paulo - Brasil

Autores

ANDRÉ MARANTES MASCIARELLI PINTO, ARTUR SILVA FARIAS, FREDERICO TIMÓTEO SILVA CUNHA, JOSÉ HENRIQUE DALLACQUA SANTIAGO, MATHEUS PASCOTTO SALLES, NARA LIE UTIYAMADA, ARTHUR CARDOSO DEL PAPA, SUELEN PATRÍCIA SANTOS MARTINS, SIDNEY GLINA, FERNANDO KORKES