Dados do Trabalho
Título
ASSINATURA BIOENERGETICA EM TUMORES DE PROSTATA DE BAIXO GRAU, COM E SEM RECORRENCIA BIOQUIMICA
Resumo
Introdução: O câncer de próstata (CaP) é o câncer mais comum no sexo masculino, excetuando-se câncer de pele. Muitos destes tumores são de baixa agressividade, não necessitando um tratamento ativo, sendo possível apenas acompanhamento, chamado de "vigilância ativa" (VA). O principal critério para indicar a VA é o grau histológico do tumor, sendo candidatos os casos de baixo grau (Gleason 6), considerando seu baixo potencial de gerar metástases. Entretanto, observamos pacientes com CaP de baixo grau e localizados, submetidos a prostatectomia radical (PR) que apresentaram recorrência tumoral. Ou seja, embora de baixo grau, a neoplasia apresentou comportamento mais agressivo, semelhante às neoplasias de grau intermediário ou alto.
Objetivo: Avaliar a assinatura bioenergética do CaP de baixo grau (Gleason 6), com e sem recorrência bioquímica (elevação do PSA > 0,2ng/ml) após PR, bem como desenvolver um índice celular bioenergético, que forneça dados para auxiliar a decisão clínica.
Material e Métodos: Foram estudadas amostras de câncer de próstata de dois grupos (20 pacientes por grupo). Grupo 1: escore de Gleason 6 em prostatectomia radical, localizado, sem recorrência bioquímica em 5 anos. Grupo 2: escore de Gleason 6 em prostatectomia radical, localizado, com recorrência bioquímica entre 2 a 5 anos após a cirurgia. As amostras foram submetidas aos estudos imunohistoquímicos para enzimas metabólicas. O Índice Bioenergético Celular (BEC index) foi avaliado pela ß-F1-ATPase/Hsp60: razão de pontuação imunorreativa.
Resultados: No grupo 1 não ocorreu redução na marcação para ß-F1-ATPase, o que é compatível com não-redução da fosforilação oxidativa. Já no grupo 2, houve redução ß-F1-ATPase levando a uma limitação da fosforilação oxidativa da mitocôndria (OXPHOS). Adicionalmente, no grupo 2 houve aumento na regulação da via glicolítica (GLUT 1 e DHL) e diminuição da imunorreatividade da OXPHOS. O índice BEC foi significantemente reduzido no grupo 2 em relação ao grupo 1, conferindo uma assinatura bioenergética para esses tumores.
Conclusão: O CaP de baixo grau, sem recorrência bioquímica possui avidez pela via da OXPHOS, enquanto o grupo de apresentou recorrência após PR, mostrou avidez pela via glicolítica, refletindo suas diferenças no metabolismo energético. Os resultados obtidos neste estudo são sem precedentes, e o uso na prática clínica do índice BEC pode vir a ser uma ferramenta para ajudar nas decisões terapêuticas, ao menos para tumores de baixo grau.
Palavras Chave ( separado por ; )
Neoplasias da próstata; Metabolismo energético; Bioenergética; Tumores - Metabolismo
Área
Ciência Básica
Instituições
Unicamp - São Paulo - Brasil
Autores
CARLOS HERMANN SCHAAL, WAGNER EDUARDO MATHEUS, UBIRAJARA FERREIRA, BARBARA FERRAREZI, NATALIA DALSENTER AVILEZ, LUCAS ZEPONI DAL'ACQUA, MARINA CORREA VIANA, JEFFERSON DOUGLAS CAMARGO MOREIRA